Desafios Ambientais Exacerbam Propagação da Dengue nas Américas

Publicado por: Redação
28/03/2024 08:55 PM
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Cortesia Editorial Freepik
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Altas Temperaturas e Secas Intensas Contribuem para Surto

 

A Dengue pode estar prestes a desencadear o pior surto já registrado nas Américas, alerta a Organização Pan-americana da Saúde (Opas), com mais de 3,5 milhões de casos contabilizados nos primeiros três meses de 2024. Este número é três vezes maior do que o total de casos reportados no mesmo período do ano anterior.

 

Brasil, Argentina e Paraguai destacam-se como os países mais afetados, respondendo por mais de 90% dos casos e 80% das mortes por Dengue na região. O Brasil lidera o ranking com 2.966.339 casos e 758 mortes, seguido pelo Paraguai com 191.923 casos e 50 mortes, e pela Argentina com 134.202 casos e 96 mortes.

 

Em uma coletiva de imprensa, o diretor-geral da Opas, Jarbas Barbosa, expressou preocupação com a situação, observando que mesmo países onde os surtos de Dengue geralmente ocorrem no segundo semestre, como Barbados, Costa Rica e Guatemala, já estão relatando aumentos nos casos da doença. Por exemplo, Porto Rico decretou estado de emergência devido à Dengue no início da semana.

 

Jarbas destacou que em 2024 os quatro sorotipos da Dengue estão em circulação nas Américas, o que aumenta consideravelmente o risco de casos graves quando há circulação de dois ou mais sorotipos. Até o momento, pelo menos 21 países do continente relataram a circulação de mais de um sorotipo, incluindo o Brasil.

 

O diretor-geral da Opas salientou que as causas ambientais desempenham um papel fundamental na situação epidemiológica identificada nas Américas. Ele citou altas temperaturas, ondas de calor, secas intensas que levam as pessoas a armazenar água de forma inadequada e inundações que contribuem para o aumento da circulação do mosquito vetor como exemplos.

 

Quanto à possibilidade de declarar uma emergência em saúde pública de interesse internacional, como foi feito com o vírus Zika em 2016, Jarbas explicou que os cenários são distintos. Em 2016, a emergência foi decretada devido à forte relação entre o vírus Zika e casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas.

 

"A OMS, de forma acertada, declarou a emergência até que pudéssemos ter uma avaliação do que estava acontecendo", disse ele. "Na Dengue, a única novidade é o aumento na transmissão, mas não há mudança na expressão clínica da doença ou nos sintomas", completou.

 

"A Dengue é um desafio significativo. Quando há uma epidemia, a circulação do vírus é tão intensa que quase todas as pessoas têm contato com aquele sorotipo. Depois, passamos por um período de três ou quatro anos até que tenhamos outro surto. Parece que a doença desapareceu, foi embora", concluiu Jarbas, enfatizando a necessidade de programas permanentes nas Américas para identificar precocemente novos surtos.

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